CPS celebra 51 anos e vira exemplo de reinvenção na pandemia
Reinvenção é a palavra que melhor define o momento em que o Centro Paula Souza (CPS) comemora seu 51º aniversário. Criado no dia 6 de outubro de 1969, para implantar os primeiros cursos superiores tecnológicos do País, o CPS consolidou-se no decorrer das décadas como a maior instituição estadual de ensino profissional gratuito da América Latina. Atualmente, cerca de 310 mil alunos estão matriculados em 223 Escolas Técnicas (Etecs), 73 Faculdades de Tecnologia (Fatecs) estaduais e classes descentralizadas presentes em mais de 300 municípios.
“Este ano será lembrado pela força de superação de nossos estudantes, professores, servidores administrativos e gestores. Todos entenderam a gravidade da situação atual e buscaram alternativas para que o modelo da nossa instituição continue servindo de referência, tanto na qualidade de ensino quanto em exemplo de solidariedade”, afirma a diretora-superintendente do CPS, Laura Laganá.
Digitalização
Em resposta à pandemia do novo coronavírus, a digitalização das Etecs e Fatecs prevista para 2030 teve que ser colocada em prática rapidamente com um plano de aulas remotas em ambiente virtual. Em um mês, foram criadas quase 100 mil salas de aula síncronas online e o índice de aprovação do formato chegou a 85% dos alunos. Foram produzidos diversos tutoriais, cartilhas, vídeos e masterclasses para acolhimento dos jovens e realizada uma série de capacitações, workshops e webinars para aperfeiçoamento pedagógico dos professores.
Após levantamento para verificar condições de estudantes com dificuldades para acessar as aulas, o CPS distribuiu gratuitamente mais de 22,5 mil chips de conexão à internet com capacidade de 20 gigas por mês.
Para cumprir as medidas de isolamento social e, ao mesmo tempo, manter os processos seletivos para o segundo semestre letivo de 2020, foi organizado um novo modelo de avaliação sem a realização de provas presenciais. Por meio da análise do histórico escolar, mais de 214 mil candidatos concorreram a 58 mil vagas oferecidas nas Etecs e Fatecs. Como resultado, houve um aumento de 14% de ingressantes vindos de escolas públicas nas Fatecs e 4% nas Etecs, em relação ao mesmo período do ano passado. Entre as novidades, está o lançamento do curso inédito de Sistemas Embarcados, na Fatec Jundiaí, que obteve uma procura de 5,05 candidatos por vaga.
Rede de solidariedade
Paralelamente às aulas virtuais, estudantes e professores de diversas unidades se mobilizaram em iniciativas solidárias para ajudar suas comunidades locais. As ações resultaram na produção de mais de 15 mil máscaras de tecido e acetato, 1,3 mil toucas, 2 toneladas de álcool em gel e 1,8 mil litros de material de limpeza, que foram doados a hospitais, casas de repouso e entidades sociais, além da arrecadação de computadores e celulares para ajudar estudantes de baixa renda. Alunos do curso técnico de Enfermagem vacinaram mais de 8 mil idosos, com apoio dos municípios, e aplicaram testes de Covid-19 em idosos, policiais e internos do sistema prisional e da Fundação Casa, em parceria com o Instituto Butantan.
Em abril, foi realizado o HackaTrouble, uma maratona virtual de programação em busca de soluções para os impactos da pandemia. Participaram mais de 400 competidores empenhados em desenvolver tecnologias para ajudar na solução de problemas nas áreas de saúde, mobilidade, negócios e social.
Em outra frente, foram disponibilizados para produção e distribuição de máscaras sociais em comunidades carentes laboratórios de costura de Etecs e de unidades móveis (carretas) de Confecção Industrial do Via Rápida, programa da Secretaria de Desenvolvimento Econômico em parceria com o CPS. A iniciativa conta com patrocínio de bancos privados e já produziu mais de 890 mil máscaras.
Prevenção e responsabilidade
Para auxiliar no planejamento da retomada gradual das atividades presenciais, o CPS estruturou um Protocolo Sanitário Institucional com normas e procedimentos visando garantir os cuidados gerais e específicos em cada um dos ambientes escolares e administrativos.
Os protocolos foram elaboradas de acordo com as instruções do Centro de Contingência do Coronavírus do Governo do Estado de São Paulo e estabelecem padrões de distanciamento social, higiene pessoal, limpeza de espaços físicos, comunicação interna e externa, além de monitoramento das condições de saúde. Já foram investidos até o momento, cerca de R$ 4 milhões na compra de itens de segurança.
Trajetória de sucesso
A memória da instituição mistura-se com a história centenária do ensino profissional público em São Paulo. Um ano após sua criação, em 1970, o então Centro Estadual de Educação Tecnológica começou a oferecer três cursos na área de Construção Civil e dois em Mecânica. Era o início das Faculdades de Tecnologia. As duas primeiras foram instaladas em Sorocaba e São Paulo. Até hoje as duas unidades mantêm alguns dos cursos mais concorridos da instituição.
Em 1973, recebeu o nome atual em homenagem ao fundador da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP). O engenheiro e professor Antonio Francisco de Paula Souza (1843 – 1917) foi um educador que sempre defendeu o papel da escola como meio de formação de profissionais e não somente um local para discussões acadêmicas.
Com o passar do tempo, o desenvolvimento da economia demandava cada vez mais profissionais especializados, principalmente na área de informática, o que impulsionou a criação de novas unidades a partir dos anos 1980. Vieram então as Fatecs Baixada Santista e Americana. Na mesma época, o CPS começou a englobar o Ensino Técnico de nível médio e passou a administrar as escolas profissionais que integravam convênio entre União, Estado e municípios. Dentre elas, escolas centenárias criadas em 1911 para o ensino de prendas manuais e artes industriais a jovens e adolescentes, como a Escola Profissional Masculina (atual Etec Getúlio Vargas) e a Escola Profissional Feminina (atual Etec Carlos de Campos), ambas na Capital. Hoje as duas são destaque em qualidade no Enem e também na oferta de cursos conectados com o mercado de trabalho.
O CPS criou suas primeiras escolas técnicas em 1988: a Etec São Paulo, conhecida como Etesp, e a Etec de Taquaritinga. A partir de 1994, com a integração de 83 escolas existentes (outras 12 escolas foram incorporadas entre 1981 e 82), a instituição passou oficialmente a responder pelo Ensino Técnico público estadual. Com um forte investimento do governo estadual nos últimos dez anos, o número de alunos mais que dobrou com a criação de novas unidades e cursos, levando a oferta de ensino profissional gratuito a todas as regiões do Estado.
Além de sua abrangência, o CPS é reconhecido pelo padrão de qualidade dos cursos, que contemplam desde a qualificação básica até a pós-graduação (strictu e lato sensu). Os alunos apresentam excelente desempenho em avaliações oficiais como a que aponta o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade).